Quinta de Nápoles
Na Quinta de Nápoles, 2014 foi um ano vitícola de menor quantidade, mas de maior qualidade.
A diminuição de produção, que representa 20% em comparação com o ano transacto, não se deu apenas por razões fitossanitárias, mas também devido ao desavinho - a selecção natural que, tanto fisiologicamente como com determinadas condições climatéricas, afecta de forma negativa a transformação das flores em fruto. Tudo indicava um ano precoce devido à grande quantidade de água acumulada durante o Inverno e a Primavera. A fase de maturação ocorreu precocemente e permitiu um começo de vindima no dia 19 de Agosto com o Pinot Noir, seguido do Bastardo.
No dia 7 de Setembro, caíram 8mm de água que terão sido benéficos para algumas maturações nas vinhas situadas em locais menos frescos. Setembro, como fora já calculado pelas previsões, foi o mês mais chuvoso dos últimos 80 anos. Assim, na Quinta de Nápoles, vindimámos a maioria das parcelas durante um período de bom tempo, entre o dia 7 e o dia 21 de Setembro.
2014 será, sem dúvida, um grande ano de vinhos brancos, com uma frescura, uma mineralidade e uma precisão fora do comum. Os tintos apresentam-se muito equilibrados, com grande frescura e uma fruta limpa e fugaz. Mesmo sendo cedo para o afirmar, acreditamos que é um ano de qualidade excepcional, com vinhos que mostrarão o lado mais fresco que o Douro pode dar.

Vale de Mendiz
O tempo meteorológico que se fez sentir no ano vitícola de 2014 será recordado pela instabilidade que apresentou, em particular nas últimas fases de maturação e durante a própria vindima. Se tivesse chovido no final de Agosto, seguindo-se um mês de Setembro seco com temperaturas amenas, teriam surgido vinhos do Porto fantásticos; contudo, não foi o caso. No entanto, acreditamos que a partir da produção reduzida de 2014 e da menor quantidade de álcool potencial foram produzidos, em Vale de Mendiz, vinhos muito frescos, com acidez induzida (ao estilo Niepoort) e com boa cor, ainda antes de ter começado a chuva a meio das vindimas.
A vindima em Vale de Mendiz começou cedo, no dia 1 de Setembro, principalmente com as uvas das vinhas que fornecem a base dos vinhos para o Charme, assim como para alguns excelentes vinhos do Porto, estruturados de forma elegante. O primeiro Lagar da vinha da Pisca foi vindimado em 12 de Setembro, com uma muito boa cor evidente no próprio lagar e uma grande finesse após a fortificação. Os vinhos do Porto provenientes das vinhas velhas em Síbio e Bragão são também surpreendentes e não foram afectados pela chuva. As últimas uvas foram vindimadas no dia 2 de Outubro, tendo sido uma vindima pequena que, por essa razão, terminou cedo.
No geral, foram produzidos alguns vinhos excelentes, muito ao estilo Niepoort e o início precoce da vindima foi certamente compensado pelo facto de a maioria dos vinhos não ter sido afectada pela chuva. Será interessante observar a forma como os vinhos evoluirão nos próximos meses.

Quinta de Baixo
O Inverno na Bairrada foi rigoroso, longo e com uma precipitação bastante elevada, como já tinha acontecido em 2013. Uma Primavera quase inexistente e um Verão bastante ameno, com temperaturas a rondar os 30°C, dificultaram o controlo de doenças e a maturação.
Na vinha, iniciou-se o controlo de maturação em meados de Agosto, como já é tradição, provando-se o bago e com a verificação do aspecto sanitário das uvas.
A vindima dos brancos começou a 28 de Agosto em condições meteorológicas excelentes. Os dias apresentaram-se amenos e pouco húmidos. A 10 de Setembro, com o aparecimento de precipitação forte, a vindima foi interrompida até dia 16, data a partir da qual se iniciou a apanha das uvas tintas. Devido à precipitação, a vindima acabou por ter que ser acelerada para evitar que a podridão se instalasse. Terminou a 23 de Setembro, num ano muito difícil, mas com uma acidez óptima e com graus alcoólicos entre os 11,5 e 12,5, o que contribui para vinhos finos, elegantes e com um excelente potencial de envelhecimento.

Dão
2014 foi o primeiro ano de vindima da Niepoort no Dão.
A bicentenária Quinta da Lomba situada entre duas serras, em Gouveia, foi adquirida pela Niepoort no início deste ano. Com algum esforço e muita dedicação, foi reconstruída a adega e a vinha foi reestruturada. No final do ciclo vegetativo, as uvas apresentavam-se em excelente estado sanitário e de maturação.
Ao contrário de outras regiões, no Dão não choveu muito e houve semanas de muito calor, com noites secas e manhãs solarengas, condições excelentes para o início da vindima que começou com os brancos a 10 de Setembro, tendo-se seguido a dos tintos a 22 de Setembro. A vindima foi curta, decorreu em condições meteorológicas ideais e terminou a 27 de Setembro.
